Memória de elefante

Desde que eu comecei a fotografar que senti necessidade de ter uma marca. Não só por ser publicitária de formação e isso estar praticamente implícito pra quem tem um negócio mas porque realmente acho que a identidade visual de uma empresa comunica tanto quanto seus produtos.  No meu caso, tanto quanto minha fotografia. E sim, claro que tem que ter a ver com o que a gente faz. 

Não demorou muito para eu contratar Célia Lins, uma querida amiga designer, pra fazer esse trabalho e foi amor à primeira vista. Ou melhor, à segunda. A primeira versão  precisou ser modificada mas a segunda, a segunda veio com tudo. E eu fiquei completamente apaixonada pela tipografia, cor e símbolos. Minha cunhada, Tê Pires, outra designer rocheda, implementou minha marca ao meu material gráfico e confesso que tá sendo um pouco difícil desapegar dele...

...mas a vida passa a gente se muda de cidade, pinta a parede do quarto, muda o corte de cabelo e sente a necessidade de 'cambiar otras cositas más...' Minha fotografia mudou, eu mudei, a empresa está em constante mudança e eu senti a necessidade de mudar a identidade visual também. Algumas coisas ficaram mais importantes pra mim e eu queria mostrar isso em todo o processo da minha fotografia. Ando cada vez mais aficionada por memória, fiz cursos de escrita memorialistas, curso de extensão de registros da memória e não tinha como não reverenciar algum símbolo que remetesse a isso. 

O processo não foi tão simples assim, pois muitas vezes a gente tem uma ideia na cabeça que não está tão amadurecida e o negócio não evolui. E o melhor nesses casos é pausar e respirar. Após esse respiro, do dia pra noite tive uma ideia que tinha tudo a ver comigo e com o que eu andava repetindo nos últimos tempos, inclusive nos meus cursos de memórias. Daquelas ideias que você até chega a se perguntar: 'como eu não pensei nisso antes?'.

Um simples pingente que ganhei de mainha quando criança, um objeto que me acompanha desde a minha infância foi o estopim para toda o processo da identidade visual. E aí foi só contar pra Roberta Brack do Estudio Revu pro negócio acontecer. O curioso é que esse pingente já andava me acompanhando há um tempo, tanto que em dois momentos específicos de dois cursos distintos que falavam sobre memória eu levei o pingente para me representar quando pediram pra levar um objeto que falasse sobre minha pessoa, mas eu demorei a perceber essa conexão com essa possibilidade da marca.

Não sei exatamente quando recebi esse presente, só sei que depois de 'veia' resgatei em seus pertences (mainha tinha mania de guardar algumas coisas que a gente ganhava pra não perder) e nunca mais larguei. Depois de um tempo as coisas parecem fazer mais sentido. Cresci, moro distante da família e da minha terra natal, mas não deixo de revisitar as minhas memórias, trabalho com isso e ajudo os outros a eternizarem as suas próprias. Não à toa, o pingente é de elefante, e conforme jargão popular e a biologia, possuem uma memória boa que só.

Quando falei pra Roberta, ela não só adorou a ideia como disse que a mãe dela adorava elefante. Maior coincidência e conexão que isso, não há. Desse jeito não tinha como não haver explicitamente um elefante na minha marca. E assim, minha identidade também ganhou uma palavra a mais, que eu amo, ao nome: Mariana Leal – Fotografia & Memória.

A marca veio no melhor momento, no ano em que completo 10 anos na cidade que me transformou e que consequentemente mudou minha fotografia. Mais um motivo pra comemorar esse amadurecimento, essa forma de trabalhar e de ver o mundo. Agradeço demais à Beta (Roberta Brack – Estúdio Revu) por toda competência em transformar de forma tão simples e bonita o meu amor pela memória e pela fotografia, e pela paciência com essa pessoa com a cabeça tão a mil. E agradeço principalmente a vocês, que me fizeram chegar até aqui, que continuam comigo e que acreditam na minha forma de trabalhar e nas minhas fotografias e na minha habilidade em eternizar as suas memórias.